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Certamente você já percebeu que o sabor, qualidade e forma da fruta, legume ou hortaliça muda conforme origem, o tipo e o produtor do produto! Não seria por esta razão que temos a preferência por adquiri-los em determinados locais ao invés de outros? A principal razão destas diferenças existirem está, para uma determinada variedade, na dinâmica de se produzir este alimento.

Uma semente de uma determinada variedade de … tomate, por exemplo. Ao ser plantada em solos aparentemente iguais, na visão de um leigo, uma semente irá enfrentas uma dura realidade: solos fisicamente diferentes (em cada local de plantio), diferentes condições de acidez ou alcalinidade, porcentagens de matéria orgânica, mix de nutrientes minerais, além de estar sob um microclima que lhe é único à época do plantio e, considerando tudo isto, terá que brotar. E isto tudo para não falar do proprietário, já que cada um tem o seu modo particular de manejo do solo, da água e da variedade da cultura plantada. Por outro lado, os legumes, hortas e pastos sofriam ataques das pragas e insetos, que tinham o desafio de processar a proteína vegetal das plantas em amino ácidos para se alimentar. Acontece que, como insetos não têm condições de transformar proteína em aminoácidos (não têm estomago); assim a proteína das plantas tornava-se um natural controle para evitar a proliferação de pragas e insetos. Tive a oportunidade de ver isto acontecer ao visitar uma
fazenda chamada Fazenda Demétria em Botucatu (produção de orgânicos) onde a horta está plantada no meio de um matagal” para que os insetos se alimentem com o “mato” ao invés da produção da horta.

Pois bem, o desafio da fome fez com que este tipo de manejo agropecuário (praticado em todo o mundo até o final da 2ª grande guerra mundial) fosse alterado, tirando proveito das inovações e descobertas químicas feitas durante a guerra. Assim o manejo originalmente baseado na adubação natural e na observação do homem, passou para um procedimento de “quimizar” a terra com os produtos químicos necessários para o crescimento e produção das plantas.

Não entrando na discussão dos riscos associados à esta tecnologia tais como toxidade, impactos ambientais e outros, o uso desta tecnologia aprimorada ao longo do tempo, simplificou o antigo manejo produtivo agropecuário e subjetividade do produtor para uma “artificialização do ambiente produtivo” e facilitou a ampliação da extensão de áreas de plantio com a monocultura. Se este fato na prática significou uma profunda alteração da cultura rural deixando de ser fundamentalmente necessário os conhecimentos empíricos e tradicionais da roça para produzir”, ele também foi responsável por um fantástico aumento da capacidade de produção de grãos por unidade de área: algo como de 20 toneladas de grãos por hectare
para 100 toneladas de grãos por hectare (ou mais), devido à mecanização e à adubação usando essencialmente os elementos Nitrogênio (N), Fósforo (P) e o Potássio (K) para aumentar a produtividade. Mas, como tudo tem dois lados, em consequência à mudança do tipo de adubação as plantas passaram a ter menos proteínas e mais aminoácidos. Quem gostou disto foram as pragas e insetos: extensos campos de plantação, de uma mesma planta, com mais aminoácidos… as nuvens de insetos se proliferou; e os produtores tiveram que passar a usar “os cidas” (inseticidas, herbicidas,..),
produtos tóxicos utilizados para controla-los; e os produtos que compramos com os “antes” aplicados (conservantes, acidulantes, corantes).

Você sabia que nos países e locais onde a ração das granjas de galinha poedeiras e de frangos é feita a base de peixe, ao invés do ciscar típico das nossas galinhas caipiras, o ovo tem sabor de peixe? E a carne de frango também? Será que se aplica para a galinha e o frango a máxima “o homem é o que ele come?” Por que será que esta seria a razão de cada
vez mais os chefes de cozinha procurarem fornecedores que produzam iguarias naturais para preparar os seus pratos? E eu nem comecei a falar de transgênicos….