O ecologista Renato Paquet percebeu um problema bastante comum entre empresas: a dificuldade de encontrar soluções viáveis — do ponto de vista técnico e financeiro — para lidar com os seus resíduos. “A geração de resíduos pelas indústrias não é um problema, mas sim o que fazer com eles”, afirma.

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Em 2017, ele fundou a Polen, uma plataforma que conecta indústrias que geram resíduos a cooperativas de reciclagem. O negócio ajuda as corporações a cumprirem a Lei 12.305/2010, que diz que 22% das embalagens colocadas no mercado devem ser recicladas. A startup, então, desenvolveu um sistema com o qual é possível rastrear os resíduos para comprovar que as empresa estão se responsabilizando pela reciclagem.

Um dos documentos que comprova a logística reversa de embalagens é a nota fiscal eletrônica, que contém dados de um determinado resíduo que é comercializado pelo reciclador. Cada nota tem sua própria (e única) sequência de números para ser identificada.

Assim, a nota é levada para o sistema em blockchain da plataforma da Polen, garantindo que a transação será feita apenas uma vez — ou seja, o mesmo quilo de resíduo não poderá ser usado em diferentes compensações. Segundo Paquet, é a forma de comprovar todo o caminho do resíduo até que ele seja transformado em um novo produto.

A Polen, então, vende para as empresas os créditos dessa reciclagem. “É como a lógica do crédito de carbono. Eu não preciso sequestrar propriamente o meu carbono da atmosfera, mas a mesma quantidade que gera o mesmo efeito”, diz Paquet.  As empresas compram os créditos de acordo com a cota que precisam cumprir de reciclagem, e o valor é repassado para os recicladores.

 

Uma das empresas que procurou pelo serviço foi a DoBem, para a qual a startup criou uma solução personalizada: o Bagaço. A necessidade surgiu, de acordo com Paquet, porque existe um mito de que as embalagens longa vida (geralmente utilizadas em leites e sucos) não são reutilizáveis “por serem compostas de um misto de papelão, plástico e alumínio”, diz o empreendedor. “Quisemos, assim, fazer um programa que demonstrasse para o consumidor que, de fato, aquela embalagem estava sendo reciclada.”

A startup entrou em contato com recicladores que trabalham com embalagens longa vida e as utilizam para fabricar telhas. “Instalamos em uma casa e vimos que o protótipo dava super certo, e que os testes térmicos eram melhores do que com as telhas já utilizadas pela construção civil”. Desde então, já transformaram mais de 650 mil caixas de papelão em telhados para 120 casas — cada telha é feita com 1100 caixas. Além disso, a empresa quer usar o material para fazer outros produtos como óculos de sol e bicicletas.

Em 2020, a BR Pólen cresceu 300%, e já cresceu o mesmo em 2021. “O mercado acordou e começou a querer políticas de ESG concisas e nós conseguimos nos posicionar assim”, diz Paquet. Agora, o objetivo da startup é atender empresas em todas as etapas da logística reversa. Para isso, irá lançar a Hive, uma empresa digital de coleta e tratamento de resíduos, e a Bee, que fará coleta de recicláveis exclusivamente no Rio de Janeiro.

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“Essa matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Conheça o projeto aqui.

Fonte: 

https://revistapegn.globo.com/amp/Um-So-Planeta/noticia/2021/05/startup-ajuda-empresas-fazer-logistica-reversa-de-residuos.html